Lopes de Castro | Presidente da APIGRAF | jmlcastro@apigraf.pt
É recorrente este desabafo, face aos muitos temas com impacto nas nossas vidas e nas das nossas empresas, boa parte completamente alheios a qualquer controlo da nossa parte. Assuntos relacionados com a vida em sociedade e o necessário enquadramento político desta, como os diversos processos eleitorais que vão ocorrendo no mundo, com destaque para o norte-americano, com desígnios que determinam a eclosão de conflitos armados e guerras dentro e fora da Europa, com as determinações normativas cujo desígnio último de sobrevivência da espécie, como muitas das que vão surgindo em matéria ambiental, com as mais locais disrupções nacionais que nos vêm afectando mais recentemente, ou ainda com desafios civilizacionais de magnitude ainda imponderada, com destaque para o da inteligência artificial que permeia já o nosso quotidiano. Tirar sentido de tudo isto e conseguir pensar estrategicamente é um verdadeiro desafio. Como dizia alguém, “estou farto de viver momentos históricos”!
A muita informação a que todos temos acesso hoje é simultaneamente uma “benção” e um problema. Se por um lado nunca nos foi tão fácil aceder ao que se passa em toda a parte, obter em segundos estudos e relatórios de qualidade, procurar informação sobre todo e qualquer tema e mesmo ter quem nos ajude, num click, a organizar o raciocínio, estamos todos em sobrecarga, com múltiplas solicitações de atenção a todo o momento, e muitas vezes com a necessidade de tomar decisões a um ritmo alucinante. De entre as estratégias para lidar com tudo isto, a filtragem de prioridade e relevância será das mais importantes. Isto não é mais do que seguir a clássica divisão nos quadrantes de urgência e importância, agora enriquecida com ponderações sobre a qualidade da informação (e identificação da desinformação) e a capacidade de influência que temos relativamente aos temas, entre outras.
O trabalho que a APIGRAF desenvolve visa contribuir para esta filtragem, tratando informação de fontes fidedignas e transmitindo-a de forma estruturada e compreensível, protocolando externalizações de serviços nos temas em que tal faz sentido, identificando parceiros cuja visão sobre os temas e conhecimento acumulado possam ajudar a compreender e organizar causas, correlações e impactos. Uma das ocasiões magnas em que temos oportunidade de evidenciar esta preocupação é o Encontro Anual da Apigraf, a que nos referimos nesta edição da t&g. Deixamos apenas duas notas. Para além da apresentação das primeiras conclusões de um estudo económico sobre o setor, que tem viindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos meses com informação rigorosa e uma análise especializada, esta edição contará uma vez mais com oradores de excelência entre os quais temos que destacar Paulo Portas, cuja apresentação se fará num contexto particularmente interessante que não dista sequer quinze dias do processo eleitoral interno de 10 de março.
Termino sublinhando, neste início de ano, que 2024 será também o ano de publicação da alteração estatutária já aprovada em Assembleia Geral, e bem assim da eleição dos órgãos sociais da APIGRAF para o próximo mandato. Queremos, todos, uma associação cada vez mais forte, equilibrada e focada no cumprimento dos seus objectivos estatutários, nomeadamente na defesa dos interesses dos associados, e contamos com a empenhada participação de todos nestes processos e para este desígnio.